domingo, 28 de setembro de 2008

Vidros


Não quero ver crianças
Brincando de limpar vidros
Nem dormindo por entre os ladrilhos
Que insistem em abrigar pessoas.
Gotas de água escorrem
Pelas janelas dos carros,
Dos olhos de um rosto triste...
Brincar de limpar vidros?
Brincar de lavar carros.
Carros grandes.
Carros pequenos na mão de um pequenino?
Não.
Brincam de malabaristas,
Não nos semáforos.
Trabalham como malabaristas,
Não nos circos.
A rua é o lar.
Local de trabalho,
Escritório, sala de aula,
Qualquer sinal...
Do ônibus olho,
Parada em um sinal vermelho.
Vidros se levantam.
Mau.
Da janela vejo,
No coração sinto,
Expressões vazias...
Olhando o reflexo,
Não reconhecem mais.
Não vêem ninguém.
Exceto a imagem
De um desconhecido
Que aparece cabisbaixo.
Tem trocado?
Não.
Por que não estão na escola?
Por quê?, por quê?...
Muitos porquês,
Poucas respostas...
Por entre os veículos,
Inúmeras imagens
Dentre os vidros pretos
Que refletem uma pobre criança
Que pede ajuda...

3 comentários:

Aline Shinoda disse...

Amei seu texto!!!
Profundo e realista!
Vou add na minha lista de favoritos!
Bjinhu e parabéns!

Jessy disse...

obrigada aline!
quero pão de queijo..

Unknown disse...

Realmente um texto muito bom que nos toca e nos faz pensar sobre as atrocidades que a exclusão social pode apresentar em nosso cotidiano.
parabéns linda!
te dou um pão de queijo viu rsrs